Vegetarianismo
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Em 2021 fechou um ano que eu parei de comer carne. Tem sido uma experiência muito interessante, de boas reflexões.
Na minha familia a carne sempre foi bastante significativo e presente. Para a maior parte da população, carne, tem um significado de “comida de verdade”. Ter carne na mesa, é igual a ter o que comer. Essa ideia é introjetada na nossa vida, e morando no Sul do Brasil, é de se esperar que o ato de comer carne fosse algo rotineiro. Eu, muito pelo contrário, não via muito sentido na ideia de parar de comer até uns cinco anos atrás. Quando essa ideia começou a lentamente entrar na minha cabeça, e comecer a me interessar pelo assunto, comecei pelo mais simples movimento, durante um tempo o tal “Segunda sem Carne”, e do qual falhei miseravelmente. Ainda não conseguia tirar da minha cabeça a ideia de comer carne, não conseguia pensar em outros alimentos do qual não tivesse carne, ou então não sentia que eles “eram a mesma coisa”.
A minha virada, foi até curiosa, numa segunda-feira eu pedi um hamburguer de um lugar desconhecido, e foi o suficiente. Passei a semana com intoxicação alimentar. Não satisfeito, na mesma sexta-feira eu fui em um churrasco e pensei “bom, eu já to melhor, acho que vou aproveitar”. Não preciso dizer que passei a madrugada muito mal, a mistura de cerveja e carne não foi a das mais inteligentes, tanto que eu precisei ir no hospital. A médica que me atendeu me disse, curto e gross pesadas_. Naquela sexta-feira foi a ultima vez que comi carne.
A transição, por assim dizer, foi tranquila. Hoje, um ano depois, poucas vezes me pego desejando algo com carne, resquícios de memórias afetivas. O ponto que eu acho que foi o mais importante e que fez efeito, é que eu nisso a oportunidade de não é apenas deixar de comer a carne mas de repensar a alimentação como um todo.
Tive alguns debates com colegas e amigos meus, e uma coisa que ainda não me parece fazer muito sentido, é buscar alimentos iguais a carne, mas feito de plantas, industrializados cheios de quimicos, ou “hamburguers” feito em laboratório ou ainda buscar experiências “como a de comer carne”. Essa conta pra mim não fecha. Parar de comer carne, pra mim, é além disso. É voltar a atenção para cadeias de produção, é pensar em agroecologia, em alimentos organicos e vendidos a um preço justo. É pensar na cadeia de atravessamento do alimento até a tua panela, é pensar na política alimentar como um todo, em comer coisas diferentes, comidas típicas brasileiras, comidas da estação, e por ai vai. Explorar outros alimentos e outra alimentação. Participar do Bem da Terra me da oportunidade de trabalhar muito próximo disso, e ver isso acontecer na prática, debater esse tipo de construção.
Estou preparando uma transição mais complexa, pra mim, que é remover alimentação e produtos animais da minha vida por completo. Considero isso mais difícil, justamente porque é uma mudança muito mais profunda e portanto relativamente mais complicada. Também ajudou bastante seguir páginas de discussões sobre esses assuntos como o chef de cozinha Ruan Félix, Vitor, o blog e podcast da Juliana Gomes, o feed da Luciele Santos, Ju Couto, Carla Candace, Vegano Periférico, Movimento Afro Vegano e a União Vegana de Ativismo é algumas das indicações que eu deixo pra se aproximar do assunto sob diversas óticas.