¿Que Pasa? Dezembro, 2020
Dezembro já está em seu término, assim como esse ano horrível. Seguindo a tradição centenária, todas as atividades, prazos, demandas da qual se acumularam durante o ano subitamente chegam ao seu ápice nas ultimas três semanas de Dezembro e nos atolamos em meio de preparações de finais de ano, trabalhos, projetos, escola, faculdade, etc, etc, etc.
Evidente que eu não escapei desse fato horrendo e da qual ajuda a suplantar nossas atividades e contribuição para a esfera do mundo do software livre.
Ademais, esse ano foi um ano da qual eu mais escrevi e estudei. Uma velha paixão. Espero poder estudar mais material literário/ficção no próximo ano, reler alguns clássicos que há muito tempo eu já esqueci.
Além disso, foi um ano que eu reconheci o quão danoso é a tecnologia da forma que a gente utiliza e constrói. Percebi que eu desejo utilizar a tecnologia, e não o contrário. Talvez por estar lendo mais, fica mais evidente como eu gasto muito tempo alimentando um ciclo infinito de atividades irrelevantes, induzidas quase como hábitos sem sentido, caçando memes, deslizando um feed, procurando distrações rápidas e um depósito rápido de endorfina. Tempo esse que eu poderia ler, escutar uma música, e efetivamente estar offline.
Esse sentimento não é de agora. Quando eu perdi meu celular há uns dois anos atrás, eu senti que eu realmente tinha mais tempo. A situação era de que eu não tinha um celular, e apenas tinha um computador no trabalho. Então quando acabava de trabalhar, eu subia em um ônibus, voltava pra casa e simplesmente focava em fazer outras coisas. As vezes imprimia alguns textos para ler em casa e assim eu gastava meu tempo. Retomar o celular, é também lentamente desaprender a gerenciar o micro-tédio e se entregar novamente aos des(prazeres) da vida em mar de constante notificações de empresas e pessoas querendo um pouco de atenção. 1
No meu texto “Computadores de Verdade”, eu comento sobre como nem mesmo temos verdadeiro domínio dos nossos equipamentos tecnológicos. E é partindo desse ponto, aliado também da minha trajetória pessoal enquanto indivíduo, que eu passei a observar de uma forma até mais radical a tecnologia em si e mergulhar cada vez mais fundo no quase defunto movimento software livre, “retro-computing” (computação retro), tecnologias simples, padrões, protocolos abertos, descentralização e por aí vai.
Eu quero um mundo onde a tecnologia esteja servindo os nossos interesses, e que ela sirva muito mais pra ajudar do que pra se alimentar de cada micro detalhe das nossas vidas para aumentar a taxa de lucro de alguém por aí. Acho que não é algo impossível, mas com certeza é algo que dá trabalho nesse momento que vivemos.
-
Momentos como quando você está esperando um ônibus, ou em uma fila da lotérica, coisas assim. ↩︎