Em uma era de Acesso a Internet, Arquive tudo Offline!

Em um primeiro momento, a ideia de ter que arquivar conteúdo offline pode parecer bem estranho. Mas em uma era que cada vez mais empresas de tecnologia adotam o modelo de Adaptar, estender e extinguir é essencial que a gente volte a adaptar algumas práticas velhas para um momento atual.

Perder acesso a uma plataforma e conteúdo é algo bem comum ainda mais em uma época como agora com o levante do neo-facismo e sanções, abuso de DCMA/Direitos Autorais e Paywall 1. Empresas como o Twitter e Facebook, volta e meia derrubam páginas de governos “ditatoriais”, “anti-democráticos”, como recentemente aconteceu com as contas do presidente Nicolas Maduro e de seu Partido no Twitter 2. O que é curioso, considerando que estamos falando de plataformas/corporações que tanto advocam pela liberdade de expressão e aversão à moderação de conteúdo, pois segundo eles "… onde você delimita a linha (entre censura e moderação)" quando questionado sobre conteúdo de neo-nazistas, fascistas e reacionários espalhados a quatro ventos, disseminando desinformação e ódio. Me lembra aquele velho fato do Liberalismo e suas políticas bem descritas por Losurdo e alguns vários pensadores marxistas, afinal “liberdade” e “democracia” é a liberdade e democracia para os senhores (do mundo).

Existem dois termos inglês que descrevem esses fenômenos digitais. Um deles, se chama link rot, referente a quando um link apodrece, fica inacessível mas ainda é indexado por buscadores. E o conceito de walled garden que é a ideia de um “jardim fechado”, ou seja, uma plataforma fechada, onde a empresa dita o que acontece, o que você pode ver, se aquele conteúdo é bom ou não, e isola o acesso a esse conteúdo somente dentro da plataforma dela (você precisa ter uma conta no Instagram para poder ver as fotos de um perfil público, por exemplo). Eventualmente, um walled garden, decide que aquele conteúdo X deixou de servir os interesses da plataforma ou não é mais rentável. Talvez esse mesmo walled garden saiu desse negócio. Usuários dependem das plataformas para armazenar e consumir conteúdo e links apodrecem aos milhares quando essas plataformas morrem. Filmes somem do Netflix, Músicas desaparecem do Spotify, contas são banidas do YouTube e SoundCloud por pedidos de denúncias de direto autorais (muitas vezes sendo denúncias feitas por bots/robôs e sem nenhum tipo de verificação) 34.

Dado essa situação, eu tenho tomado uma atitude de fazer um espelho offline de tudo que eu consumo. Se eu vejo um site que eu acho interessante, eu arquivo ele imediatamente 5. Vídeos de palestras que eu gosto, arquivado 6. Músicas que eu tenho interesse, guardado. Documentos e pdfs que eu já tenha lido também. Tudo que eu possa vir a querer consumir mais de uma vez. Projetos livres e open-source que eu tenho algum tipo de interesse, clonados em ~/sources e espelhados.

Dado essa situação, se você é um desenvolvedor de uma plataforma, ofereça as pessoas alguma forma de poder arquivar o conteúdo, utilize formatos abertos e livres que não serão descontinuados em uma próxima atualização. E enquanto usuário, não dê seus dados para plataformas da qual você não tem a noção se elas vão conseguir se manter e quais são seus posicionamentos éticos. Escolha plataformas livres e de código aberto e que tenham uma comunidade boa e ativa, e engaje nesses projetos se você puder.